Alma Mater
Eu não queria ir para o Colégio de Aplicação !
Havia sido aprovada para o curso ginasial em várias outras escolas: Pedro II, Instituto de Educação e Paulo de Frontin.
Minha escolha era o Ginásio Estadual Paulo de Frontin porque minhas amigas também tinham sido aprovadas lá. E, além disso, era uma escola só para meninas, o que me deixava muito mais à vontade.
Mas minha mãe tinha decidido que eu iria para o Colégio de Aplicação ! Assim, estava criado o conflito! Eu dizia que ia para o Paulo de Frontin e minha mãe tentava me convencer a ir para o Aplicação. Mas não havia jeito! Eu não cedia!
Chegou a época das matrículas. Minha mãe, então, me deu um “xeque mate” e só me matriculou no Colégio de Aplicação. Quando eu soube, chorei por 2 dias. Afinal, ia “perder” minhas amigas, ia para um colégio onde eu achava que não conhecia ninguém!
Minha mãe ficou com pena de mim, por me ver triste, chorando. Pediu a meu padrinho, que é somente 10 anos mais velho que eu, para conversar comigo e tentar me convencer que o Aplicação era a melhor escolha para mim
Apesar de todos os sensatos argumentos dele e de sua idade mais próxima da minha, eu não cedia e continuava a chorar. Eu tinha somente 11 anos e era uma menina bastante infantil.
A conversa durou mais de 1 hora. Finalmente concordei em ir para o CAp após ser convencida de que aquele novo início seria a oportunidade de fazer novos amigos, amigos para a vida toda.
Hoje, relembrando esses fatos, vejo como ele estava certo pois, por coincidência ou não, foi exatamente o que ocorreu.
Além disso, tive a surpresa de reencontrar, nas turmas A e B, amigos que tinham estado ao meu lado no curso primário da Escola Francisco Manoel (Ceres, Lenora, Ricardo Jochem, Edson e Amélia) e no curso preparatório do Coronel Gernes, no Grajaú: Afonso, Gil, Gerk, Mourão, Ernesto, Sá, Bretz…
Agora, 60 anos após, tenho certeza que o CAp foi um caminho de ótima formação, de excelente educação e de ampla cultura que nos abriu muitas oportunidades na vida. Mas também um caminho de felicidade juvenil e de alegria que permanecem até hoje nesse grupo.
Por isso tenho certeza que, mais do que a Universidade, o CAP foi, para mim, e talvez para muitos outros alunos, a verdadeira “Alma Mater”.
Regina Batalha
23/12/2024