Num Natal. Sessenta anos depois!
Eu estava satisfeito, muito satisfeito, feliz da vida. Eu tinha passado num concurso muito concorrido para entrar no ginásio do Colégio de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, o carinhosamente chamado de Aplicação da UEG.
Era um dos pouco mais de sessenta aprovados. Era março de 1964 quando as aulas começaram. Ainda de calça curta comecei a frequentar as aulas. Calça curta feita pela minha tia que costurava com muito esmero e amor. Mas, como os demais meninos já usavam calças compridas, eu sentia os efeitos do bulling. Os olhares e comentários dos colegas que diziam: “Ih, ainda usa calça curta. Ah, ah, ah, ...”.
Pois é ! Lá se vão mais de dez anos, muito mais. Mais de vinte anos também. Trinta. Quarenta. Em verdade, foi há 60 anos que isso aconteceu.
Agora já como muitos anos de vida depois do ginásio e do científico ainda afloram muitas lembranças. Lembranças que mostram o quanto marcaram a vida daquele jovem que passou no concurso. A lembrança de que “o importante é o conteúdo”, como nos ensinou o professor Ferdinando. A importância de ter uma visão ampla e crítica do conhecimento adquirido como nos ensinaram diversos brilhantes e dedicados professores que passaram pelo colégio naquela época. Vou ficar apenas nestas duas lembranças dentre tantas outras mais. Lembranças das estripulias que fazíamos. Lembranças dos momentos vividos juntos. Lembrança dos amigos que nos tornamos.
Estas duas recordações marcaram a minha vida. Instigaram-me a, cada vez mais, buscar ver a essência das coisas.
Buscar ver aquilo que a superficialidade não mostra, mas que é necessário para temos efetivamente o conhecimento e a percepção da realidade. Instigaram-me a buscar aprender e perceber as coisas.
Instigaram-me a buscar ver, aprender, questionar o que aprendi, colocar em dúvida a certeza que adquiri no aprendizado e perceber que esta dúvida abre espaço para vivenciar uma nova certeza, mais ampla, abrangente ou profunda que a anterior. Um eterno crescimento.
Nesta época de Natal, gostaria de abraçar todos os amigos do nosso CAp. Aos que já se foram, quero agradecer por terem existido e pelas lembranças que ainda hoje estão vivas. Aos alunos honorários do CAp, agradecer a amálgama formada com todos no grupo. Aos “concursados de 1964” e a todos agradecer o convívio diário. Mesmo distantes estamos muito próximos no nosso dia-a-dia. A todos os amigos de “há 60 anos”, deste raro e precioso grupo, desejo um FELIZ NATAL e um ANO NOVO cheio de alegria, cheio de vida e curtindo as preciosas lembranças que carregamos em nossos corações.
Luiz Claudio
23/12/2024