Passado que ajuda no presente e no futuro
Em novembro recebi uma mensagem do Papai Noel, que desconfio tem uma casa de “verão ” em Braga, que interpretei como uma convocação, já que sempre acreditei naquele senhor barbudo. Fiquei dois dias pensando, já que tempo é uma coisa que está sobrando, e resolvi escrever sobre um ótimo passado que me ensinou a viver até hoje, mesmo nos momentos ruins, e que ajuda nas decisões futuras.
Começo em 1964, quando cheguei na rua Haddock Lobo para meu primeiro dia de aula do finado ginásio. Colégio de Aplicação da UEG, meta que achava muito difícil de atingir. Sentimentos? Um turbilhão percorrendo minha cabeça. Sensação de conquista após aquele terrível “ vestibular” para alcançar um colégio público, pois a grana era curta; ansiedade pelo desconhecido; medo pelo Brasil que estávamos vivendo. Resumindo, uma total inexperiência da vida. Até aquele momento basquete, basquete e basquete. Estava saindo dos cueiros e agora era comigo. Traçar meu caminho seria de minha inteira responsabilidade.
Mas a convivência com os novos colegas, a proposta meio revolucionária de como aprender e o apoio familiar, mostraram que tudo correria bem. E durante 6 anos aprendi muita coisa técnica que me permitiram, no resto de meu período de vida “ escolar”, conseguir um vestibular vitorioso, e um curso médico muito bom. Cursei a Escola que queria, também gratuita, e foi muito bom. Mas essa é uma outra história…….
Mas não foi só isso que lucrei para minha formação pessoal. Aprendi a conviver e respeitar as diferenças; aprendi a reagir às dificuldades que apareciam, a solidariedade, o companheirismo e o respeito; aprendi o que era amar quem estava a meu lado e desejava o mesmo que eu; aprendi a amar outra pessoa com paixão e até sofrimento; aprendi a beijar que trazia a sensação maravilhosa de um frio na barriga; aprendi a defender o coletivo como a forma mais correta de tocar a vida.
Cada ano que passava a maturidade ia chegando, trazendo com ela as escolhas, as reações mais coerentes, pelo menos para mim, e uma visão do queria para o futuro. Sempre com os colegas, alguns tornando-se grandes amigos ao meu lado. Como eram boas as festas para dançar Beatles, como era proveitoso conviver com as famílias destes amigos, em tempos inesquecíveis.
Mas em duas situações bem antagônicas, vida e morte, consegui perceber com muita clareza, como este tempo foi importante para minha vida. Festejando a vida quando, já obstetra em atividade, ajudei alguns destes amigos no melhor momento da vida: ser pai e/ou mãe. Ali estava a continuidade desta amizade. Infelizmente não foram todos mas alguns sabem do que estou falando.
Por outro lado, quando passei pelo pior episódio de minha vida, alguns estiveram presentes e TODOS estiveram em meus pensamentos para procurar uma possível recuperação. Eu pensava como ele/ela fariam para tentar viver com isso…..
Hoje estou aqui curtindo filha e netas no além-mar e pensando neste passado tão importante.
Feliz Natal a todos com paz entre nós e saúde nestes corpos cansados mas MUITO vivos.
Marcus Vasconcelos
23/12/2024