Questionar sempre
Se me perguntarem qual a principal lição aprendida no Colégio de Aplicação, é esta: questionar sempre.
Lembrar dos primeiros "insights" que tive a esse respeito me faz voltar aos primeiros professores que, indireta ou diretamente, começaram a incutir em mim essa futura característica de minha personalidade. Os meus inesquecíveis Professor Padilha, de Geografia, Professor Moysés, de Desenho e Professora Mahyilda, de Artes, foram alguns dos que mostraram a importância desta afirmação. Desde os trabalhos e estudos das primeiras séries, éramos instigados a fazer melhor (pelo menos fazer de outra maneira), a não ter medo de errar (e também aprender com os erros) e a pesquisar mais (buscar mais conhecimento). Posicionamentos que sempre tinham, por trás, a mesma lição primordial.
Lição tão primordial que se mostra absolutamente atual e necessária hoje em dia, quando somos bombardeados por "fake news"; distorções; polarizações; informações tendenciosas, fora do contexto ou parciais; etc. Isto se já não bastassem os vírus digitais, as tentativas de fraudes por correio eletrônico ou por telefone, sites invadidos, hackers, crakers, sniffers, cookies, trackers, trojans, etc.
Como profissional da área de TI que acompanha a internet desde sua criação e sua implantação no Brasil, posso dizer que são assustadoras as possibilidades tecnológicas disponíveis para qualquer área, utilizadas tanto para o bem como para o mal. Vale a pena ver a apresentação do cientista Supasorn Suwajanakorn no TED, que nos mostra como a inteligência artificial e a modelagem 3D podem criar vídeos muito realistas de qualquer pessoa... falsos. Provavelmente essa apresentação (julho de 2018) já deve estar ultrapassada, dada a velocidade com que a tecnologia evolui...
Ato contínuo, podemos questionar o que recebemos, vemos e lemos nas redes sociais e até mesmo na grande imprensa. São só fatos? Verdades? Até que ponto são confiáveis? Deixamo-nos induzir por "influenciadores"? Não seria bom checar/confirmar o que chegou ao nosso computador ou ao nosso celular, enviado quer por "amigos" quer por desconhecidos?
Quase finalizando, outras informações que me vêm à cabeça (eu chequei... e você?): hoje, 96% do tráfego da internet é feito pelo celular; entre 10 e 15% dos "usuários" da internet são robôs (ou bots), que são computadores se passando por pessoas (já vemos alguns sinais disso hoje, mas imagine onde podemos parar). Se você pesquisa por "fake news" no google, tem como resposta mais de 1.000.000.000 de resultados (isso mesmo: mais de 1 bilhão). Por que será? Se pesquisarmos por "democracia", teremos aproximadamente 88.000.000 de resultados. Curioso, não? Outra: você sabia que dos 10 sites mais acessados no mundo (segundo a Wikipedia), 7 são chineses e 3 americanos? Pra facilitar sua checagem, segue o link: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_websites_mais_acessados_do_mundo.
Vale também assistir uma série no Netflix chamada "Social Dilemma", lançado no início de janeiro de 2020, que trata especificamente do papel das redes sociais no mundo de hoje.
Enfim, questionar sempre, é o que faço... sempre! E, por isso, lembro-me sempre do querido Colégio de Aplicação, de seus professores e diretores, e de várias outras lições lá aprendidas.
Ricardo Costa, 16/03/2021