Brigadeiro de colher
Quando nos conhecemos éramos bem diferentes. Agora trazemos as marcas do tempo, que nos transformou...
Ao procurar saber o que Rubem Alves pensa a respeito, ele nos diz:
“Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira.”
Então poderíamos ver a vida como uma escola? E haverá um dia em que todas as nossas perguntas terão sido respondidas? Acredito que não!
Com seu lindo olhar sobre o mundo, é novamente ele quem nos ajuda a entender melhor:
“Para isto existem as escolas: não para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As respostas nos permitem andar sobre a terra firme. Mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido. Um mar que se compreende não passa de um aquário”. (R.A.)
Sessenta anos depois de nosso primeiro encontro chegamos até aqui.
Hoje me sinto como num dia de chuva em que acabei de preparar um “brigadeiro de colher”.
Diante do copo cheio, eu vinha comendo de maneira displicente, sem cuidado com a rapidez com que estava terminando.
Daí, de repente, me dou conta de que resta muito pouco, e passo a saborear com mais delicadeza... e depois fico feliz ao lembrar que não coloquei a panela de molho na pia. Nesta hora passo a retirar com cuidado cada pedacinho que ficou grudado nela e parece que ele vai ficando melhor, delicioso.
Assim me sinto. Cada dia bem vivido, agora é ainda mais precioso!
Queridos amigos, temos muitas lembranças, mas também muitos sonhos que nos alimentam!
Volto a pensar em Rubem Alves, que sempre teve “um caso de amor” com a vida:
“No meio do inverno descobri que dentro de mim havia um verão invencível.”
“Quem é rico em sonhos não envelhece nunca. Pode até ser que morra de repente. Mas morrerá em pleno voo...”
Feliz 2025!
Vera Arnaud
23/12/2024