Grajaú Tênis Clube
De Rita Lee a Steppenwolf
Outro dia, por acaso, descobri o ótimo site da Rita Lee onde maravilhosas fotos dos anos 60 me transportaram imediatamente àquela época.
Lembrei logo de uma certa semana que começou com um daqueles shows enormes no ginásio do Grajaú Tenis Clube. Tocou todo mundo. Dos grupos "da casa" como o Red Snakes até os que vinham da zona sul como o super suingado The Crows. Na faixa dos que apareciam na televisão tocaram a cult Equipe Mercado (que fim será que levou ?) e.... OS MUTANTES !!!! Juro, não foi sonho ...
O fato é que gostei tanto deles que, na mesma semana, arranjei uma grana e fui até o Teatro Casa Grande ver a Rita de perto. Ainda lembro de muita coisa: a guitarra e os pedais especialmente feitos pelo irmão do Sergio Dias (muito tempo depois, em 77, comprei durante uns 3 anos uma revista de eletrônica só prá ler os artigos dele sobre equipamentos para guitarra), as montagens com sons gravados, o filme com uma operação de cérebro, as caixas Leslie. E, claro, as músicas, o som ótimo!!!! Fiquei em pé ao lado do palco o tempo todo....
Os Mutantes
Steppenwolf
Mas as lembranças, aí, retrocedem pro show do Grajaú Tenis. A atração principal era um certo Analfabeatles (também da zona sul). Eles eram corretos, sem chegar a ser realmente bons. Copiavam tudo. Dizem que até pagavam um cara prá tirar as músicas na guitarra. Mas nesse dia, fizeram uma entrada triunfal. Apresentados pelo Big Boy em pessoa ("Aqui fala Big Boy apresentando a Mundial é show musical !!!"), tocaram uma música sensacional do Steppenwolf, que tinha uma parada prá percussão, quase uma batucada, que levava o público ao delírio. Como não entendi o nome da música, na segunda-feira, durante o programa das 18:00 horas, liguei pro Big Boy e descobri: Rock Me. Como ele não tinha levado o disco naquele dia, eu tive que esperar um tempão até conseguir gravá-la no meu velho Philips mono de fita de rolo.
Há uns seis ou sete anos, o que sobrou do Wolf veio a Brasília prá um obscuro show numa grande casa de festas daqui. Fui. Nenhum filho quis pagar o mico de me acompanhar (o atual guitarrista ainda era muito pequeno).... O cantor e líder, John Kay, foi tudo o que restou da banda. E estava milagrosamente inteirasso, com a mesma voz !!! Os outros eram todos jovens músicos, que não tinham como entender o espírito do que foi o grupo. Mesmo assim, em meio a uns poucos velhos roqueiros e a uma garotada empolgada que estava mais preocupada em dançar e em subir no palco prá se atirar lá de cima nos incautos cá em baixo, ( no que chamam de "pagar mosh" ), enxuguei uma lágrima furtiva pelos velhos tempos...
Os Mutantes, John Kay, Analfabeatles. Cada vez que ouço aquelas músicas nas fitas que uso para embalar minhas caminhadas diárias, essas lembranças voltam automaticamente e com força. Acho que me fazem rejuvenescer mais que a caminhada em si....
Aquela festa terminou, como sempre naquele tempo, com o Analfa atacando a ótima seqüência do The Young Rascals: Mickey´s Monkey/Love Lights. Todo mundo dançando animado, o ginásio balançando, e o Mourão não se conteve: "É o Melhor conjunto do mundo!!!!". Depois, vendo que eu estava por perto, corrigiu, caridoso, "depois do seu!!!!".
Por que será que algumas coisas a gente nunca esquece ?
Ivan Simas, 11/11/2001